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um sopro de ar

por Carlos Cardoso
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para Silviano Santiago

Comemore, Silviano,
o que te pertence,
a razão irrelevante
é pó, nesse instante
só o que em todas
as cores se dissipa ficará.
Esse algo em formato
de arco-íris ou Jabuti é mágico,
pois não é um sopro
a mais ou a menos
que percorre os noticiários,
é você, amigo, que fez
nascer de sua plenitude
com Mil Rosas Roubadas
sobre a folha branca de papel,
Machado, Stella Manhattan
e muitas outras histórias.
Lembro que quando o conheci,
vi — um homem forte
de andar lento, tácito,
intrínseco ao silêncio
dos sábios e do vento,
falamos de poesia,
de música, negócios,
artes plásticas e política,
falamos de um Brasil
com poucas
esperanças no peito,
esse que habitamos
entre famintos
e homens ricos de moedas
e perdidos em suas
ambições de reis e presidentes,
falamos do poder
e de poder ser,
falamos da metafísica
e de imagens plásmicas
e geométricas,
do talvez, do imediato
e do hermetismo
que se esconde no espírito
e faz-se corpo místico
nessa intervenção
que ouço e que digo
nas telas do ontem
e no silêncio do hoje.
Eu — esse poeta
que publica o oximoro
da pureza no sacrilégio,
e que por um
décimo de instante,
encontrei, eu,
esse homem tão só em si,
um semelhante para falar
não usando palavras escritas
ou o som do silêncio imagético,
mas a voz.
Silviano, brindemos,
pois nesse décimo de instante
um sopro de ar
pegará uma nuvem
e pausadamente respirando
percorrerá os oceanos.

*publicado no livro Melancolia (Ed. Record, 2019)


Carlos Cardoso é engenheiro, natural do Rio de Janeiro. Destaque de sua geração, considerado o representante de uma nova poética no país. Sua produção literária é marcada por uma escrita singular e de dicção própria, o que torna sua obra independente e única. Seu novo livro, Melancolia (Editora Record – 2019), tem a apresentação de Antonio Carlos Secchin e a orelha assinada por Heloisa Buarque de Hollanda. E o constante diálogo do poeta com as artes plásticas é estampado na capa do livro, feita pelo pintor e escultor Carlos Vergara. A obra foi eleita a melhor de 2019 na categoria poesia pelos membros da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes). Site: www.carloscardoso.com

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